18.6.10 

josé saramago . 1922-2010

a primeira vez que o (ou)vi foi na escola secundária. estranhei-lhe a estatura - grande, que homem grande!... de dedos finos e mãos esguias, bonitas. 
as capas dos livros, elegantes, todas alinhadas na estante, e a deferência que os meus lhe dedicavam, faziam-me imaginar outra figura. retive-lhe a estatura - grande, que homem grande! - e o tom ligeiramente irascível, mas não as palavras.
li-o pouco e a custo. bloqueei à página 50 d'o memorial do convento três vezes sem chegar ao fim. mais tarde, li tod'a caverna sem emoção, e, em 24 horas quase sem pausas, em fuga à escrita de uma tese, o ensaio sobre a cegueira. muitos outros (quase todos) estão ali na estante: já os comecei, muito os viajei e emprestei, mas não os li.
quando soube a notícia do nobel (na rua pinheiro chagas, pelo auto-rádio sintonizado na tsf), congratulei-me mais pelo feito nacional que por ser o meu escritor. tinha - e tenho - outro favorito.
hoje, ao saber que morreu, não me emocionei. e estranho como estranhei sempre que o tentei ler.

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